Entendendo o Autismo através de Mulheres Diagnosticadas na Vida Adulta

Estima-se que existam cerca de 70 milhões de pessoas no mundo com autismo, incluindo cerca de 2 milhões no Brasil. O autismo se apresenta em diferentes graus e se manifesta principalmente na comunicação e na interação social. Infelizmente, as causas ainda não são completamente conhecidas, e a intensidade dos sintomas varia consideravelmente, fazendo com que muitos casos que não correspondem ao estereótipo da síndrome demorem a ser identificados. Há um subdiagnóstico particularmente prevalente entre as mulheres, muitas das quais só descobrem que estão no espectro autista quando já estão na vida adulta​1​.

Maura, 50 anos: Uma descoberta tardia

Maura, uma mulher que vive na Irlanda do Norte, foi diagnosticada com a síndrome de Asperger, uma forma de autismo, aos 44 anos. Ela relata que sempre se sentiu diferente e deslocada, como se todos tivessem recebido um manual sobre como se comportar que ela nunca teve acesso. Contudo, após ser diagnosticada, Maura encontrou um sentido de identidade e aprendeu a gerenciar melhor sua energia social e a evitar excesso de estímulos sensoriais. Hoje, ela lidera uma carreira recompensadora e tem uma vida satisfatória, incentivando outras mulheres a não terem medo

Hannah, 28 anos: O camuflar dos sintomas

Hannah, uma estudante de doutorado que pesquisa mulheres autistas não diagnosticadas, esclarece como muitas mulheres e meninas autistas fazem um esforço natural para se adaptarem à sociedade, o que pode tornar seus sintomas menos óbvios. Ela mesma passou anos aprendendo a interagir socialmente de forma a camuflar seus sintomas. Hannah, que sofria de depressão e problemas de saúde mental na escola, foi diagnosticada com autismo na idade adulta. Esse diagnóstico foi um alívio para ela e a ajudou a entender aspectos de sua vida que antes pareciam desconexos. Agora, ela está trabalhando em seu PhD, continuando a lidar com as características do seu autismo, mas com uma compreensão muito melhor de suas necessidades e capacidades​1​.

Jasmine, 26 anos: Um diagnóstico libertador

Jasmine sentia-se como um alienígena na infância, diferente de todos os outros humanos. Na escola, ela sofreu bullying e sempre sentiu que havia algum tipo de bloqueio mental que dificultava seu aprendizado. Quando os professores lhe faziam perguntas, seu cérebro parecia desligar, necessitando de um tempo extra para processar as informações. Foi apenas depois de concluir a graduação que Jasmine decidiu buscar um diagnóstico, o qual confirmou que ela estava no espectro autista. Esse diagnóstico, aos 22 anos, foi libertador para ela. Hoje, a maioria de seus amigos também são do espectro autista, o que torna suas interações sociais mais fáceis e compreensíveis​1​.

Reflexão Final

Estas histórias de mulheres que foram diagnosticadas com autismo na vida adulta evidenciam a necessidade de maior conscientização e entendimento sobre o autismo, especialmente em mulheres, que frequentemente são subdiagnosticadas. Ao entendermos melhor o espectro do autismo e reconhecermos seus sinais em diferentes indivíduos, podemos ajudar a facilitar diagnósticos mais precoces e precisos, o que pode levar a um apoio e tratamento mais eficazes. Além disso, é crucial que continuemos a apoiar e respeitar as pessoas no espectro autista em todas as fases da vida, reconhecendo suas experiências, desafios e conquistas.

O valor do diagnóstico

O diagnóstico de autismo na vida adulta, embora possa parecer tardio, traz diversos benefícios. Ele pode oferecer um alívio significativo, pois fornece um contexto para as dificuldades de vida e experiências que antes pareciam sem explicação. As histórias de Maura, Hannah e Jasmine ilustram isso de forma clara. O diagnóstico proporcionou a elas uma nova perspectiva, ajudando-as a entender melhor suas experiências e a manejar suas vidas com mais autoconsciência e controle.

A autopercepção de Maura, por exemplo, foi grandemente aprimorada após o diagnóstico. Saber que ela está no espectro autista permitiu que ela entendesse por que sempre se sentiu diferente e por que as interações sociais lhe pareciam tão desafiadoras. Isso também a ajudou a encontrar estratégias para cuidar melhor de si mesma e gerenciar sua energia social de forma mais eficaz.

O diagnóstico de Hannah abriu um caminho para entender as dificuldades que enfrentava na escola e na universidade. A descoberta permitiu que ela contextualizasse suas experiências e compreendesse melhor suas necessidades. Agora, ela é capaz de lidar com seu aprendizado e seus estudos de uma maneira mais ajustada ao seu estilo próprio, em vez de tentar se encaixar nas expectativas convencionais.

Para Jasmine, o diagnóstico trouxe uma sensação de alívio e autoafirmação. Ela finalmente teve a confirmação de que não era “um alienígena”, mas uma pessoa com autismo. Isso permitiu que ela entendesse melhor suas experiências passadas e presentes, fornecendo um caminho para lidar melhor com seu futuro.

Conclusão

O autismo é uma condição complexa que afeta cada pessoa de maneira diferente. Cada história de vida é única e repleta de desafios e conquistas. A conscientização e o entendimento apropriado do autismo, especialmente em mulheres, é fundamental para garantir diagnósticos precisos e suporte adequado. Embora o diagnóstico na vida adulta possa parecer tardio, ele ainda tem o potencial de trazer um profundo entendimento e melhorar significativamente a vida das pessoas. As experiências de Maura, Hannah e Jasmine são um testemunho poderoso disso.

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